Momento de cautela: se refugie no dólar e nos indexados
Os próximos meses prometem muitos desafios para a economia global, e o Brasil, com seus problemas internos, deve sofrer ainda mais
Apesar da felicidade com o retorno a uma certa normalidade de nossas rotinas no contexto pós-pandêmico, o cenário para a atividade econômica e inflação global parece bem desafiador. A seguir comento brevemente alguns dos pontos que nos trazem a este cenário pessimista, e finalizo com algumas dicas para proteger seu patrimônio neste cenário.
1. Desaceleração chinesa
Desde o começo de 2021, a China tem adotado uma política fiscal contracionista, reduzindo o crédito disponível em sua economia, o que vêm reduzindo a taxa de crescimento do país. Com a crise da construtora Evergrande e do sistema energético da segunda maior economia do planeta, esse movimento de queda da atividade só tende a se fortalecer nos próximos meses. Com isso, a demanda da China por matérias primas (commodities) é reduzida, impactando negativamente a atividade econômica brasileira e o Real.
2. Problemas na cadeia de oferta global
As taxas de fretes marítimos se encontram em suas máximas históricas, principalmente por conta do congestionamento no porto de Long Beach na California e pela falta de caminhoneiros para escoar os produtos que chegam ao porto para os demais estados dos EUA. O resultado disso é um aumento dos preços finais dos produtos importados, aumentando a inflação global, que tende a fazer com que os bancos centrais reduzam a liquidez em suas economias para combater essa inflação.
A Europa e a maioria dos países emergentes já iniciaram essas políticas de contração monetária, e os EUA devem começar ainda neste ano. O aumento das taxas de juros nas economias desenvolvidas tende a redirecionar capitais para elas, desvalorizando moedas de países emergentes, como o Real
3. Questão fiscal e política brasileira
Não bastasse esse cenário global, temos nossas próprias mazelas. O governo brasileiro tem se mostrado cada vez menos comprometido com o teto de gastos e a responsabilidade fiscal, aumentando o nosso risco-país. Esse movimento tende a desvalorizar nossa moeda, elevando a inflação e exigindo maiores taxas de juros para controlar a mesma.
4. Conclusão
Dado este cenário, ter parte de seu patrimônio em investimentos em dólar (stocks, REITs e ETFs no exterior, por exemplo) e em títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA) é extremamente importante, dado que a tendência para os próximos meses é de valorização do dólar frente ao Real e de aumento da inflação.
*Disclaimer: esta matéria é meramente informativa e não se trata de uma recomendação de investimento.
Alef H. Marcondes Dias
Economista graduado pela Universidade Estadual de Campinas
(19) 97124-2771
www.alef.substack.com
Instagram: contrarianista
Tags: Economia
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- Tuesday, November 9, 2021
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