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Aperto monetário do FED e seus impactos

Aperto monetário do FED e seus impactos

O dia 15 de junho marcou mais um capítulo importante na tentativa dos bancos centrais das economias desenvolvidas na tentativa de combate aos maiores níveis de inflação dos últimos 40 anos. Pela primeira vez desde 1994, o FED elevou a taxa básica de juros em 75 b.p, um movimento que já era esperado pelo mercado desde a divulgação dos dados de inflação ao consumidor dos EUA na sexta-feira anterior à decisão, que mais uma vez vieram acima da expectativa do mercado.

Com essa aceleração do aperto monetário nos EUA, cada vez mais os agentes econômicos passam a questionar a capacidade da autoridade monetária americana em controlar a inflação sem causar uma recessão global – popularmente conhecida como “aterrissagem suave”.

Curva de juros está invertida novamente
Primeiramente, é interessante pontuar que a curva de juros americana está próxima da inversão, com o spread entre a taxa de juros de 10 e 2 anos voltando a patamares negativos mais uma vez este ano. Historicamente, este tem sido um bom “indicador” de recessões para a economia americana, dado que esse movimento, normalmente, significa que os investidores esperam que as taxas mais longas serão menores por conta da menor atividade econômica por conta da recessão.

O FED não possui o arsenal necessário para vencer essa guerra
Além disso, a inflação atual está relacionada com aspectos de oferta específicos que dificilmente o FED conseguirá influenciar sem causar uma redução brusca da demanda através de uma recessão. Quando olhamos para o índice de preços ao consumidor americano (CPI) e o seu núcleo (CPI Core), que exclui os preços de energia e alimentos, vemos que a diferença entre ambos está no patamar mais alto desde julho de 2008.

Isso implica que os preços de energia e alimentos, que possuem uma menor elasticidade renda-demanda e que também possuem problemas de oferta relevantes – agravados pelo conflito na Ucrânia e seus desdobramentos – devem ser pouco influenciados pelo aperto monetário do FED.

Adicionalmente a essas questões de oferta, o mercado de trabalho americano também segue pressionado – mesmo em meio a uma atividade econômica que começa a desacelerar. Historicamente, reduções da inflação são correlacionadas com aumento do desemprego, e dado os níveis atuais da inflação americana, dificilmente ela será reduzida sem um aumento relevante do desemprego.

Conclusão
Caso a recessão realmente ocorra, o dólar deve seguir sua tendência de valorização por conta da maior aversão a risco global, e as moedas emergentes e commodities tendem a ser penalizadas, por se tratarem de ativos correlacionados com a boa performance da economia global e maior propensão à tomada de risco por parte dos investidores.

Alef H. Marcondes Dias
Economista graduado pela UNICAMP
Analista de Macroeconomia

Whatsapp: (19) 97124-2771

www.alef.substack.com

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Instagram: @contrarianista

Tags: Economia


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