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A vida palpitante dos desenhos infantis

A vida palpitante dos desenhos infantis

A importância das artes plásticas na infância

Para meninas e meninos, desenhar é tão importante e tão necessário quanto brincar. No entanto, na visão de muitos adultos, os desenhos infantis, sobretudo das crianças mais novas, não passam de um monte de linhas aleatórias sem nenhum valor.


Contudo, é surpreendente ver o entusiasmo, o senso de organização, a seriedade e a admirável concentração das crianças quando recebem material e estímulo para se expressarem através do desenho. É raro ver alguém tão dedicado a uma tarefa como uma criança rabiscando num papel.


Uma colega contou-me que um sobrinho seu, com mais ou menos três anos de idade, estava certa vez desenhando um redemoinho com intensa concentração, utilizando lápis de várias cores. Ao concluir, mostrou sua obra e exclamou, exultante: “Olha a flor da bagunça!”


Seriam realmente inúteis os desenhos infantis? São de fato uma “desordem intelectual”? Muitos educadores dirão que, sim, são coisas inúteis, embora cheguem a se emocionar e se surpreender com essas “flores da bagunça”!


Se contemplassem essas “coisas inúteis”, à luz do livro do escritor italiano Nuccio Ordine, intitulado precisamente A utilidade do inútil, acredito que mudariam radicalmente seu modo de ver. E se, além da iluminadora leitura deste livro, procurassem conhecer respeitados estudos acerca do desenho infantil, como os da autoria do pesquisador espanhol Antonio Machón, uma das maiores autoridades mundiais no campo da representação gráfica na infância, tal atividade revelaria a sua importância imensa, crucial e vital para o desenvolvimento dos seres humanos.


A expressão pictórica dos recém-chegados ao mundo, começando pelos seus maravilhosos rabiscos, comprova uma impressionante capacidade indagadora. Esses primeiros traços, que vêm com tanta força e deixam sua marca no papel, são a expressão da interioridade, dessas profundezas da mente formadas por pensamentos e sentimentos, profundezas que nenhum espeleólogo da alma jamais alcançou até hoje.


Concluindo, faço minhas as palavras que a psicóloga australiana Jacqueline Goodnow escreveu no primeiro livro que eu li, há quarenta anos, sobre esses inúteis “borrões” infantis. Guardei na memória o que essa pesquisadora disse aos seus leitores: “espero que vejam a obra pictórica das crianças, não apenas como pensamento visível, mas como vida palpitante”.


E eu peço a todos nós que deixemos nossos meninos e meninas pensarem com as mãos, pois nesses desenhos eles põem a vida.


Por: Paco Abril - revistaeducacao

Tags: Educar


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